Esse é meu pai, o "Seu Dito"!
Um exemplo de história, a qual me sinto na obrigação de contar.
Seu Dito, 77 anos, tem dificuldade pra andar devido a idade e os "bicos de papagaio na coluna". É de raízes simples, de família humilde, fruto de misturas bem brasileira, filho de índio com baiano. Sempre preferiu ser assim simples, nunca desejou outra vida; gosta de acordar cedo, fazer sua oração
ainda sentado na cama, levanta-se lava o rosto penteia sua barba e seu cabelo branquinho, toma o café que a mãe faz mergulhando o pão no copo pra ficar bem molinho que é pra conseguir comer, coloca seu jaleco e segue se arrastando pro quintal, que sempre foi um "ferro velho", a mãe reclama mas não tem jeito! No quintal cheio de bagunça sempre há um cantinho como esse da foto, um cantinho gostoso, fresquinho onde ele faz negócios, trabalha e cochila o dia inteiro. As pessoas sempre encontram o que precisam: roda de "fusca", cambio de "brasília", e outras tantas peças de carros que só ele mesmo sabe! Ele também compra sucata, paga barato, junta, depois vende e depois compra mais peças e mais carros velhos! A mãe quer dinheiro pra comprar as coisas da casa, pra pagar as contas mas ele não dá! Diz que vai fazer um negócio bom e vai guardando o dinheiro.
Algumas pessoas vão lá no cantinho dele apenas pra conversar, rir um pouco e ouvir suas histórias, seus causos!
Ninguém passa o "véio" pra trás. Sempre muito esperto e bem humorado pros negócios e pra vida também. Todo mundo gosta do "Seu Dito" e tem o maior respeito e admiração por ele.
Seu Dito tinha uma Pirua Komb bem velhinha, seu veículo de trabalho, que estava sempre arrumando, fazendo o motor, e que sempre estava com tudo funcionando.
Com essa pirua ele trabalhava, viajava de Uchoa, onde mora, cidadezinha do interior de São Paulo, redondezas de São José do Rio Preto para São Paulo onde vendia sucatas e comprava mais carros velhos pra aproveitar peças ou até pra reformar e vender depois. Uns três meses antes de viajar ele se dedicava em arrumar a pirua, deixar tudo pronto, o motor, as rodas, os pneus, os faróis, os freios, o sinto de segurança, os documentos do veículo em dia, a carteira de habilitação renovada, enfim ele já sabia de todos os detalhes que a fiscalilação exigia.
Tudo pronto, pirua carregada de sucata, banana pra não da câimbra, pão caseiro delicioso que a mãe faz, a caixa de remédios, a caixa de ferramentas, o celular, que sempre tem crédito e mais tudo que pudesse precisar na estrada; Ah! e também sempre gostava de ir acompanhado com alguem que pudesse ajudar e fazer companhia. Desta vez quem foi, foi o Fernando, 28 anos, o mais novo dos oito filhos, o filho adotivo. Ninguém, nem a mãe, nem os filhos concordavam mais com essas viagens, mas como é impossível convencê-lo, o jeito é não deixá-lo ir sozinho.
Mas esta história ainda não acabou e não sou eu que vou terminá-la e sim o meu Grandioso Deus que me deu meu pai de volta e meu irmão adorado.
Sem mais palavras...
Con, querida!
ResponderExcluirCerteza que seu amor, mais suas histórias carinhosas (que eu adoro!) trarão seu pai de lá do fundo, por conta do "mergulho" que foi dado!!!
Toda força nessa hora!!! Estou aqui, vibrando pela cura do "Seu Dito"...
Grande abraço.